Estamos quase no Ano Novo.
Para mim, pessoa anti-religião, criado numa familia sem conotações com qualquer igreja, o Natal não tem qualquer significado enquanto o nascimento do filho do outro. Isso são tretas.
O Natal é um pretexto para juntar a familia, no Montijo, em casa dos meus avós maternos (cabe lá a familia toda e mais alguem que queira aparecer).
Mudança, a vida é cheia de mudanças, que acontecem sem nos apercebermos.
Dantes o Natal era composto por duas semanas ou três de férias. No dia em que acabavam as aulas, os quatro primos rumavam ao Montijo. Chegamos a ir de eléctrico (ou metro do Porto) até à Terreiro do Paço, e depois de barco para o Montijo. Durava quase até aos Reis, como direito a passagem de ano. Era acordar, comer cereais, jogar matrecos e ping-pong, jogar às cartas, ajudar a carregar lenha para o fogão e para a lareira, comer e pouco mais. Os dias eram bem passados, preenchidos, e as férias de Natal valiam a pena.
As prendas eram uma festa, uma surpresa, uns ficavam contentes com aquilo que recebiam, outros surpreendidos, outros desiludidos.
Tudo isso mudou.
Chegaram os computadores, as consolas de jogos, as/os namoradas/os, as passagens de ano cheias de glamour num qualquer time-sharing em Espanha, e o Natal começou a morrer.
Pelo menos a minha ideia de Natal.
Para mim as prendas, neste momento, são uma palhaçada. Ninguem me pode oferecer nada que eu precise ou queira. Porque se eu preciso vou à loja e compro, se não preciso não vale a pena me oferecerem. As pessoas não compreendem a minha posição. Chamam-me desmancha prazeres. Mas qual é a piada de fazer uma lista de prendas e receber aquilo tudo? Ou só metade, caso se seja abusado.
Exemplo: a minha tia era a pessoa da família que mais dinheiro ganhava. Como tal, os meus primos recebiam sempre prendas muito melhores do que as minhas e da minha irmã. Actualmente isso não me causa qualquer problema. Mas quando se tem 14 ou 15 anos, faz, no mínimo, comichão. E depois ainda querem que o pessoal fique contente. Eu recebi uma camisola de lã, o outro rapaz que por acaso é da minha familia recebeu uma consola nova em folha com 3 ou 4 jogos. Isso não é nada bonito! Não é Natal.
Com a bebé, nem um ano tem, já lhe começam a espetar com as prendas. A bebé ganhou, é a que tem mais prendas!!!
Mas ganhou o que? Merda, estamos a competir? Para o ano compro 200 tijolos, mando embrulhar e entregar em casa, e quero ver se alguem me ganha!
Por causa disto, decidi alhear-me das prendas. Chega de desilusões. Não quero prendas! E não dou prendas a ninguem. Porque não quero dar porcarias às pessoas, porcarias que as pessoas não querem! E porque não tenho nem paciência nem dinheiro para andar a procurar aquela coisa especial que eu sei que o Zé Manel vai gostar.
Este Natal, portanto, quase não tive prendas. Poucos teimosos continuam a oferecer-me prendas, mesmo que eu não ligue nada. O ano passado nem as trouxe comigo, ficaram para lá a monte.
Joguei meia hora de ping-pong com o meu tio. Não joguei matregos, nem senti o cheio das cartas. Onde está o Natal?
Continua a valer a pena os doces, alguns feitos por mim. Ainda por cima quando se está de dieta há 6 meses.
E depois a familia está a envelhecer. Mesmo tendo um bebé pela primeira vez. E os velhos são rabugentos. O meu pai, o meu tio e o meu avô estão habituados a ser o dono da televisão. Vivem e dependem da caixa mágica. E estando os três à frente da mesma televisão, que está na sala da lareira, há sempre dois que estão contrariados. O meu tio só gosta da SportTV. O meu avô só gosta de filmes, de preferencia com mais de 20 anos. E o meu pai gosta do Malato e da RTP Memória. Gostos não se discutem. Mas os tipos andaram à zaragata por causa da merda da televisão.
Resultado: o Natal está morto, só falta enterrar.
Venha o Ano Novo!
Mudança, a vida é cheia de mudanças, que acontecem sem nos apercebermos.
Dantes o Natal era composto por duas semanas ou três de férias. No dia em que acabavam as aulas, os quatro primos rumavam ao Montijo. Chegamos a ir de eléctrico (ou metro do Porto) até à Terreiro do Paço, e depois de barco para o Montijo. Durava quase até aos Reis, como direito a passagem de ano. Era acordar, comer cereais, jogar matrecos e ping-pong, jogar às cartas, ajudar a carregar lenha para o fogão e para a lareira, comer e pouco mais. Os dias eram bem passados, preenchidos, e as férias de Natal valiam a pena.
As prendas eram uma festa, uma surpresa, uns ficavam contentes com aquilo que recebiam, outros surpreendidos, outros desiludidos.
Tudo isso mudou.
Chegaram os computadores, as consolas de jogos, as/os namoradas/os, as passagens de ano cheias de glamour num qualquer time-sharing em Espanha, e o Natal começou a morrer.
Pelo menos a minha ideia de Natal.
Para mim as prendas, neste momento, são uma palhaçada. Ninguem me pode oferecer nada que eu precise ou queira. Porque se eu preciso vou à loja e compro, se não preciso não vale a pena me oferecerem. As pessoas não compreendem a minha posição. Chamam-me desmancha prazeres. Mas qual é a piada de fazer uma lista de prendas e receber aquilo tudo? Ou só metade, caso se seja abusado.
Exemplo: a minha tia era a pessoa da família que mais dinheiro ganhava. Como tal, os meus primos recebiam sempre prendas muito melhores do que as minhas e da minha irmã. Actualmente isso não me causa qualquer problema. Mas quando se tem 14 ou 15 anos, faz, no mínimo, comichão. E depois ainda querem que o pessoal fique contente. Eu recebi uma camisola de lã, o outro rapaz que por acaso é da minha familia recebeu uma consola nova em folha com 3 ou 4 jogos. Isso não é nada bonito! Não é Natal.
Com a bebé, nem um ano tem, já lhe começam a espetar com as prendas. A bebé ganhou, é a que tem mais prendas!!!
Mas ganhou o que? Merda, estamos a competir? Para o ano compro 200 tijolos, mando embrulhar e entregar em casa, e quero ver se alguem me ganha!
Por causa disto, decidi alhear-me das prendas. Chega de desilusões. Não quero prendas! E não dou prendas a ninguem. Porque não quero dar porcarias às pessoas, porcarias que as pessoas não querem! E porque não tenho nem paciência nem dinheiro para andar a procurar aquela coisa especial que eu sei que o Zé Manel vai gostar.
Este Natal, portanto, quase não tive prendas. Poucos teimosos continuam a oferecer-me prendas, mesmo que eu não ligue nada. O ano passado nem as trouxe comigo, ficaram para lá a monte.
Joguei meia hora de ping-pong com o meu tio. Não joguei matregos, nem senti o cheio das cartas. Onde está o Natal?
Continua a valer a pena os doces, alguns feitos por mim. Ainda por cima quando se está de dieta há 6 meses.
E depois a familia está a envelhecer. Mesmo tendo um bebé pela primeira vez. E os velhos são rabugentos. O meu pai, o meu tio e o meu avô estão habituados a ser o dono da televisão. Vivem e dependem da caixa mágica. E estando os três à frente da mesma televisão, que está na sala da lareira, há sempre dois que estão contrariados. O meu tio só gosta da SportTV. O meu avô só gosta de filmes, de preferencia com mais de 20 anos. E o meu pai gosta do Malato e da RTP Memória. Gostos não se discutem. Mas os tipos andaram à zaragata por causa da merda da televisão.
Resultado: o Natal está morto, só falta enterrar.
Venha o Ano Novo!
8 comentários:
Felizmente que o meu ainda está bem vivo! oh-oh-oh \O/
...e mesmo sem a tonelada de presentes. =)
Como sabes acompanho o teu blog desde o inicio e não tenho duvidas, este foi o teu melhor Post. Grande presente de Natal..
Um abraço e boas entradas.
pois... venha o ano novo...
... e o Natal 2007!!!
LLLLLLLLLLLLOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLL
e elogios com elogios dse pagam...
:oP
fora de brincadeiras... bela refecção! gostei!
qt a prendas, fui a primeira a fazer greve aos amigos... foi complicado, no primeiro ano, nao me senti muito bem pq me deram na mesma... mas pelos vistos imitaram!!!! ah!ah!ah! e prefiro assim! pra tralha cá em casa, basta a da Clara! :oP
ah! continuo a dar coisa baratuchas aos familiares se sei que vao mesmo gostar... conclusão: aos homens não dou nada!
(só ao boy, claro!)
BJss
está fantástico.
realmente parece-me que o conceito tradicional de natal está um bocado despachado, é só uma distribuição +/- imbecil de presentes, e umas refeições estranhas com a família.
mas, como isto não são só agruras: bons desejos para 2007!
Bem..para já deixa-me dizer-te que é preciso ter coragem para ler este post..mas eu fui forte:) eheh, é grande!mas foi engraçado!
Eu percebo a tua opinião..ja desde o outro Natal tinha a mesma ideia em relação ás prendas, e este ano foi a mma coisa! Pró próximo ano espero estar lúcido o suficiente nessa altura para modificar esta situação! principalmente em relação ao meu puto..não lhe dar tantas prendas para ele ter esta época em mente com o devido significado! ao puto e a tds! axo isso importante, só ainda n consegui fazer de maneira diferente..mas tenho fé! :)
Olá! Vim aqui pela primeira vez e adorei o teu texto sobre o Natal. Tou contigo!
lagoaverdusca.spaces.live.com/
Olá. Não consigo entrar no teu live space, dá-me acesso negado :(
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